Módulo I - Definindo Empatia

Dimensões

O principal problema na construção da definição de empatia surge do debate sobre quais componentes mentais e em que intensidade eles estão envolvidos na experiência empática.

Na conceituação da empatia (e nos achados em pesquisas da Neurociências), percebe-se a presença de três sistemas mentais, constituídos de processos distintos e fortemente conectados, aqui denominados de: dimensão cognitiva, dimensão social e dimensão afetiva. No entanto, na última década, vem surgindo vários trabalhos que tratam de outras duas dimensões: compassiva e comportamental.

Diagrama das Dimensões da Empatia

Os diversos autores estudam a empatia segundo os preceitos teóricos das abordagens psicológicas a que pertencem. Reniers et al. [1] e Cuff et al. [2], por exemplo, apontam a vinculação das dimensões cognitiva e afetiva. Assim a empatia cognitiva é reconhecida como a habilidade de compreender os estados emocionais e as perspectivas dos outros. Enquanto que a empatia afetiva é a capacidade de ser sensível e de experimentar os afetos, sentimentos e emoções dos outros.

Por outro lado, sob a perspectiva da Psicologia Social e Cognitiva, a empatia é analisada pelo viés da empatia cognitiva e da empatia social em que o sujeito compreende o contexto cultural e a responsabilidade social (respeito e confiança) para assegurar o bem-estar do outro [3]. Já, na definição de empatia por Mclaren [4], a autora aponta a capacidade que o indivíduo possui para acessar elementos da empatia social e afetiva para ajudá-los a sentir e entender as emoções, circunstâncias, intenções, pensamentos e necessidades dos outros, com o intuito de oferecer apoio e realizar uma comunicação de modo mais sensível, perspicaz e apropriado.

A empatia compassiva é tratada como uma consequência comum, mas não definitiva da empatia afetiva e cognitiva. Vista como um estado afetivo pró-social, ela é desejável socialmente [5]. Cabe destacar que compaixão não é emoção, pois refere-se às nossas reações aos sentimentos e emoções do outro. Na empatia cognitiva, reconhecemos o que outra pessoa está sentindo. Na empatia afetiva, sentimos o que aquela pessoa está sentindo, e na empatia compassiva, queremos ajudá-la a lidar com sua situação e suas emoções.

Já a empatia comportamental é orientada para a ação e expressão de comportamentos ao compreender o outro [6]. Esta dimensão envolve a comunicação verbal e não-verbal para expressar a situação emocional da outra pessoa. Ou seja, é a capacidade de comunicação e da tomada de ação da pessoa sobre o que percebeu dos sinais emitidos pelo outro. É importante salientar que, independentemente de qualquer dimensão, devemos ter empatia cognitiva para alcançar qualquer uma das outras formas de empatia [7].


[1] RENIERS, R. L. E. P., Corcoran, R., Drake, R., Shryane, N. M., & Völlm, B. A. (2011). The QCAE: A Questionnaire of Cognitive and Affective Empathy. Journal of Personality Assessment, 93(1), 84–95.

[2] CUFF, B. M. P., BROWN, S. J., TAYLOR, L., & HOWAT, D. J. (2016). Empathy: A Review of the Concept. Emotion Review, 8(2), 144-153.

[3] SEGAL, E. A. (2018). Social Empathy: The Art of Understanding Others. Columbia University Press.

[4] MCLAREN, K. (2013). The Art of Empathy: A Complete Guide to Life’s Most Essential Skill. Boulder, CO: Sounds True.

[5] POWELL P. A.; ROBERTS J. (2017). Situational determinants of cognitive, affective, and compassionate Empathy in naturalistic digital interactions. Computers in Human Behavior, 68, 137–148.

[6] LEE, MENG-LIN, TON-LIN HSIEH, CHIH-WEI YANG, JOU-CHIEH CHEN, YU-JENG JU, AND I-PING HSUEH. (2022) Consistency Analysis in Medical Empathy Intervention Research. International Journal of Environmental Research and Public Health 19, no. 17: 10904

[7] EKMAN, Paul. Emotions revealed. Bmj, v. 328, n. Suppl S5, 2004.

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Elaborado por Magalí T. Longhi