Módulo I - Definindo Empatia
Contexto Educacional
Becker [1], no curso Falando sobre Epistemologia Genética, afirma que a função simbólica [2][3][4] é tratada como a habilidade do indivíduo distinguir significado de significante. E, portanto, ela passa por transformações profundas na interação social, favorecendo a descentração do indivíduo em relação à perspectiva egocêntrica que o permeia desde o nascimento.
Dessa forma, é no processo de descentração que o indivíduo vai construindo sua capacidade empática ou aprendendo a identificar o que o outro está pensando ou sentindo. Biologicamente, o indivíduo, desde seu nascimento, possui estruturas mentais para desenvolver a empatia; mas, ela não ocorre espontaneamente, há necessidade da intervenção da escola, família e sociedade.
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Ao pensarmos a Educação como facilitadora de uma “imensa tessitura de relações” [5] e transformadora do mundo, é preciso “um olhar muito mais cuidadoso e intencional às relações que se estabelecem entre as pessoas, entre as pessoas e as instituições educativas, entre as instituições educativas e o local, entre o local e o global” [5; p. 40]. Assim, as relações formadas em sala de aula presencial e virtual são também base para o desenvolvimento de diversas competências socioafetivas, entre elas a empatia.
Nesse sentido, a empatia nos processos educacionais ajuda a entender as necessidades e os interesses [6] do outro (professor e aluno) e ofertar um ensino e aprendizagem mais humanizado, construindo um senso de coletividade. Portanto, os atributos que fazem parte da empatia: o saber ouvir, saber comunicar-se, observar, dar atenção, ser tolerante, compreender e apoiar o outro são importantes para a superação de desafios, a colaboração e o diálogo igualitário, habilidades essas essenciais para uma aprendizagem integral.
Da mesma forma que dialogar, cooperar, refletir criticamente, comunicar-se e participar são competências que precisam ser desenvolvidas, a empatia também o é [5]. No contexto educacional, a empatia fortalece o respeito, a confiança e a aceitação de diversidades preparando os alunos para serem, além de protagonistas na aprendizagem, cidadãos cuidadosos um com o outro, pois saberão se conectar, interagir, expressar sentimentos e entender as diversas situações sociais.
Consequentemente, a empatia pode ser construída ao longo da vida [7] e, no contexto da educação on-line, também deveria estar presente nos encontros virtuais de seus participantes. Em ambientes virtuais de aprendizagem, espaços construídos para simular salas de aula, pode-se dizer que a empatia é vista como forma de catalisar (1) a presença social nas ferramentas de comunicação desses ambientes; (2) o engajamento na aprendizagem em cursos e disciplinas e (3) a resiliência para a adaptação numa modalidade de ensino que exige competências muitas vezes negligenciadas no presencial.
[1] BECKER, F. (2018). Introdução à Epistemologia Genética de Jean Piaget. In LUMINA (MOOC Course). UFRGS.
[2] INHELDER, B., & PIAGET, J. (1976). Da Lógica da Criança à Lógica do Adolescente: Ensaio sobre a Construção de Estruturas Operatórias Formais. São Paulo, SP: Pioneira.
[3] BECKER, F. (2010). O Caminho da Aprendizagem em Jean Piaget e Paulo Freire: da ação à operação (2nd ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
[4] PIAGET, J. (1990). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e reconhecimento. Rio de Janeiro, RJ: LTC.
[5] COSTA, N. Educação e empatia: caminhos para a transformação social. In: A importância da empatia na educação. Yirula, C. P. (org.). São Paulo, SP: Instituto Alana. ISBN: 978-85-99848-06-7.
[6] PIAGET, J., & GRÉCO, P. (1974). Aprendizagem e conhecimento (1st ed.). Rio de Janeiro, RJ: Freitas Bastos.
[7] MCLAREN, K. (2013). The Art of Empathy: A Complete Guide to Life’s Most Essential Skill. Boulder, CO: Sounds True.