Conteúdo I - Definindo Empatia

Componentes

Segundo Segal [1], a empatia é formada por processos dinâmicos, cujos componentes estão relacionados entre si, podendo variar de intensidade e serem desenvolvidos e disparados em momentos diferentes. Além do mais, eles são dependentes da situação ou evento e das experiências pessoais.

A figura abaixo apresenta o Modelo de Segal formado por três componentes da empatia e os processos e ações fisiológicas e psicológicas que quando combinados resultam na empatia. Cabe salientar que, embora a autora dê ênfase à empatia social e cognitiva, ela não desconsidera os componentes pertencentes à empatia afetiva.

Diagrama dos Componentes da Empatia

Empatia Social

Na dimensão social, Segal [1] inclui os processos:

  1. Consciência do contexto: é a habilidade do indivíduo compreender as experiências de vida de grupos diferentes das da dele. Trata da capacidade de entender o contexto cultural, histórico, político e econômico da sociedade como um todo e de saber diferenciar o contexto que o outro vive. O contexto cultural refere-se aos valores, aos costumes e às crenças de um grupo social. O contexto histórico indica circunstâncias ou fatos relacionados a um momento de determinada época. O contexto político envolve a situação de governança e, por fim, o contexto econômico considera variáveis que influenciam o desempenho da situação financeira de uma sociedade.
  2. Tomada de macroperspectiva: é a capacidade do indivíduo ter uma visão. Assim, ele saberá reconhecer mais plenamente a vida do outro, que vive em uma sociedade diferente da dele. E, realizará processos cognitivos para se questionar como seria viver nesse grupo social.

Empatia Afetiva

Na dimensão afetiva, Segal [1] trata os processos:

  1. Resposta afetiva: é uma reação fisiológica involuntária às emoções e ações de outra pessoa. Sinais físicos (sons, cheiros, visões, toques) estimulam a memória fazendo a pessoa reagir afetivamente. Está relacionada ao aspecto de condicionamento [2].
  2. Aprendizado afetivo: é o processo relacionado à inferência dos estados afetivos pessoais e a do outro a partir de eventos vivenciados. Um aprendizado afetivo pode ocorrer sem a experimentação propriamente dita. Pode-se, por exemplo, desenvolver uma imagem mental da experiência vivida por um personagem (livro, cinema, teatro, etc.). Alguns autores consideram este componente pertencente à empatia cognitiva. Para Segal [1], no entanto, ele é uma ponte entre as experiências afetivas e os processos cognitivos. Ou seja, é a conexão entre o que pensamos enquanto experimentamos sensações, sentimentos e emoções. Está relacionada aos aspectos de espelhamento e mimetismo [2].
  3. Regulação emocional: é a capacidade interna de mudar ou controlar a própria experiência emocional. Às vezes, sentir o que os outros estão sentindo pode ser avassalador. Por isso, a maioria das pessoas usa uma variedade de estratégias cognitivas e afetivas para atingir um equilíbrio emocional (por exemplo, ouvir música, conversar com outras pessoas, etc.). A regulação emocional ajuda a controlar e adaptar os sentimentos, qualquer que seja o acontecimento que se está presenciando.

Empatia Cognitiva

Na dimensão cognitiva, Segal [1] aponta os processos:

  1. Consciência eu-outro: é a habilidade de separar experiências, sentimentos e significados das dos vivenciados por outros. Ou seja, o indivíduo identifica-se com o outro, mas o sentido pessoal do fato é claro para ele. Este componente ajuda a “desligar” os próprios sentimentos para considerar os do outro. Quando não se tem consciência do eu-outro, usa-se o processo de Contágio Emocional para “pegar” e “propagar” ações sem que haja uma compreensão das razões para tal.
  2. Tomada de perspectiva: também conhecida como “Flexibilidade mental”, é um processo cognitivo que permite ao indivíduo alternar entre o que está sentindo e o que a outra pessoa sente, mantendo a autoconsciência de saber que existe um limite entre os dois. Ou seja, é a compreensão de que a outra pessoa é como eu, mas não sou eu. Davis [3] cita a tomada de perspectiva como um “processo cognitivo no qual o indivíduo suprime sua perspectiva egocêntrica usual e imagina como o mundo aparece para os outros” (p. 6).

[1] SEGAL, E. A. (2018). Social Empathy: The Art of Understanding Others. Columbia University Press.

[2] GERDES, K.E. & SEGAL, E.A. (2009). A Social Work Model of Empathy. Advances in Social Work, 10(2):114-127.

[3] DAVIS, M. H. (1996). Empathy: A social psychological approach. Boulder, CO: Westview Press.

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Elaborado por Magalí T. Longhi