A Gestão
Não há um modelo único de educação a distância, ou seja, os programas podem apresentar diferentes desenhos e múltiplas combinações de linguagens e recursos educacionais e tecnológicos. Dessa forma, embora a modalidade a distância possua características, linguagem e formato próprios, exigindo administração, desenho, lógica, acompanhamento, avaliação, recursos técnicos, tecnológicos, de infra-estrutura e pedagógicos condizentes, essas características só ganham relevância no contexto de uma discussão política e pedagógica da ação educativa. A partir disso, este texto apresenta algumas considerações referentes a algumas dimensões consideradas na gestão de EAD, sendo abordados aspectos sobre qualidade e gestão.
O tipo de informação necessária para dar suporte em atividades gerenciais é chamado de Fatores Críticos de Sucesso (FCS), onde o sistema de informações de uma instituição de ensino deverá ser criterioso e seletivo (CORNELLA, 1994). Diante disso, pode-se dizer que a identificação dos FCS por instituições que ofereçam cursos na modalidade a distância é eficaz em termos de processo e resultados, tendo em vista que proporciona a identificação de informações gerenciais que são necessárias. Entretanto, é importante salientar que as instituições podem possuir FCS diferenciados, em função da estratégia adotada dentre outros fatores, onde a identificação de tais fatores contribuirão para um melhor controle da gestão da qualidade.
Atualmente, pode-se dizer que a qualidade tem um papel importante no que refere-se à educação. Portanto, faz-se necessário que as instituições tenham consciência dos benefícios proporcionados a partir do desenvolvimento de ferramentas e instrumentos para a gestão da qualidade dos programas educativos.
Para Kefalas et alli apud Danihelková (2006), existe um conjunto de atributos da qualidade num sistema de educação a distância, como sendo: disponibilidade – se a plataforma tecnológica ou pessoal administrativo está presente e se presta os serviços de forma adequada; usabilidade – se o pessoal administrativo e os usuários são capazes de realizar as tarefas de forma eficiente e com satisfação; efetividade das aprendizagens – materiais de aprendizagem adequados; desempenho – da instituição para desempenhar as tarefas; segurança – capacidade para reagir a problemas que venham a ocorrer e;potencial de mudança – capacidade da instituição para manter ou aumentar o seu potencial.
Neste sentido, educar no contexto da educação a distância consiste em desenvolver estratégias pedagógicas, investir na capacitação dos atores envolvidos (professores, tutores e administrativo e buscar mecanismos que possam assegurar um ensino de qualidade. Para isso, é fundamental planejar e implementar sistemas de avaliação institucional permanentes, de forma a subsidiar melhorias na gestão e na qualidade do processo pedagógico.
De acordo com MIRANDA & TEIXEIRA (2006), um modelo centrado nas qualidades subjetivas apresenta alguns princípios relevantes para facilitar a consecução de objetivos da qualidade, como sendo: Instituição centrada nos clientes – é necessário compreender as necessidades e exigências de seus clientes, como sendo: os estudantes; os empregadores e a sociedade em geral; Liderança - os líderes devem compreender e implementar princípios de qualidade, estabelecer objetivos, registrar resultados e disseminar a informação; Envolvimento das pessoas - é importante o envolvimento de todos, ou seja, dos estudantes, dos professores, do pessoal técnico e administrativo; Abordagem dos processos - os processos dever ser definidos de forma clara para então monitorar os resultados e compará-los com os objetivos estipulados, onde a instituição deve escolher os processos que são mais importantes para atingir os objetivos e; Abordagem sistêmica à gestão - Identificar, compreender e gerir processos dos sistemas inter-relacionados relativamente a determinados objetivos contribui para a eficácia e eficiência da instituição.
De acordo com o documento elaborado pelo SEED/MEC existe a necessidade de uma abordagem sistêmica onde os referenciais de qualidade para projetos de cursos na modalidade a distância devem compreender algumas dimensões, no que se refere aos aspectos pedagógicos, recursos humanos e infra-estrutura. Para tanto estas dimensões, devem estar inseridas no Projeto Político Pedagógico de um curso na modalidade a distância os seguintes tópicos: Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem; Sistemas de Comunicação; Material Didático; Avaliação; Equipe Multidisciplinar; Infra-estrutura de apoio; Gestão acadêmico-administrativa; Sustentabilidade Financeira (BRASIL, 2007).
Em função de alterações ocorridas na sociedade se faz necessário que as instituições de ensino repensem suas formas de gestão. O desafio é superar o paradigma que favorece o desenvolvimento de práticas burocráticas, individualistas, fragmentadas e hierarquizadas em instituições e organizações, onde estas devem repensar suas estruturas, o seu funcionamento e às suas formas de gestão.
Na visão de Lacombe e Heilborn apud Sartori (2005), a gestão compreende o planejamento, a organização, o controle, a coordenação e a liderança no que diz respeito às ações decisórias de uma organização para atingir seus objetivos.
Segundo Rumble (2003), a gestão pode ser entendida como um processo que possibilita o desenvolvimento de atividades com eficiência e eficácia, a tomada de decisão considerando as ações que forem necessárias, a escolha e verificação da melhor maneira de executá-las. Dessa forma, torna-se necessário considerar as funções de planejamento, organização, direção e controle, onde cada função é responsável por desenvolver ações que contribuirão para o melhor gerenciamento dos processos. Ainda, pode-se dizer que tais funções constituem uma parte importante do trabalho com o qual os gestores dos sistemas de ensino a distância (SED) se defrontam.
Para ABU-DUHOU apud MORAES (2007), a gestão em educação requer autonomia e distribuição do poder de decisão, onde os envolvidos devem estar vinculados em um mesmo propósito. Portanto, percebe-se que o processo de gestão compreende autonomia, organização, implementação e controle dos recursos.
Diante desse contexto observa-se que todo o processo da EaD faz parte de uma estrutura. Para NETO (2008), vê-se a necessidade do trabalho diferenciado da equipe gestora da Instituição, juntamente com o grupo de apoio (professores autores e tutores, designer instrucional) na elaboração de um currículo e projeto de curso condizente com a realidade local do aluno, preocupando-se com o aspecto formativo, qualitativo e quantitativo do conteúdo que será trabalhado.
De um modo geral, a estrutura de um programa de EaD é composta por unidades responsáveis pela administração financeira, de pessoal e acadêmica, pela produção e entrega de materiais didáticos, pelo suporte técnico, além de outros. É importante que a gestão em EaD seja exercida por uma equipe de profissionais especialistas que atua de forma cooperativa. Dessa forma, na formação desta equipe, devem estar presentes o educador, o especialista, o webdesigner, o administrador, dentre outros, para controlar e avaliar as atividades pedagógicas, administrativas, financeiras e de suporte técnico.
Segundo Sartori (2005), as ações a serem desenvolvidas pela equipe podem ser identificadas em três grupos, como sendo: gestão da aprendizagem; gestão financeira e de pessoas e gestão do conhecimento.
As ações a serem desenvolvidas na gestão da aprendizagem possuem características próprias e exige planejamento, organização, controle, liderança, coordenação das equipes e das atividades necessárias para seu desenvolvimento. Portanto, pode-se dizer que a eficácia desta gestão baseia-se no entendimento correto de cada ação, ou seja, do desenho pedagógico, do sistema tutorial, da produção de material didático e da secretaria acadêmica. A gestão financeira envolve a análise de custos, a gestão dos recursos, a contratação, remuneração e capacitação pessoal para que os profissionais estejam aptos a realizar as tarefas necessárias a implantação do programa de EaD. Para JR & CAMPOS (2008), convidar, selecionar e obter comprometimento de professores, tutores, gestores e pessoal de apoio é um grande desafio, visto que na maioria das vezes a EaD é considerada uma atividade paralela e remunerada. Portanto, a capacitação e seleção dos atores exige um bom planejamento, a fim de conciliar e motivar os diferentes interesses e atividades da equipe envolvida. Também é necessário que o gestor considere a necessidade de uma infra-estrutura física e tecnológica que atenda as necessidades dos que irão realizar as atividades. A partir da análise, diagnóstico e prognóstico das ações, estratégias e processos será possível incorporar melhorias e inovação na área de atuação do programa de EaD. Portanto, os gestores devem dar atenção às formas de armazenamento, recuperação e circulação das informações produzidas, visto que está sendo gerado um banco de conhecimento. Entende-se por gestão do conhecimento uma técnica de gestão que exige uma nova postura com relação aos desafios organizacionais contemporâneos, afirma Angeloni (2002) que, além das demandas por eficiência, eficácia e efetividade, há a noção de que os espaços organizacionais precisam ser ocupados de forma efetiva buscando promover a função da gestão. Para MOORE (2008), a gestão do conhecimento conceitualiza várias maneiras de captar e distribuir o aprendizado coletivo e cumulativo que se encontra em toda uma organização, onde um elemento importante dessa gestão é o uso da tecnologia para obter e distribuir as informações. Diante disso, pode-se dizer que um dos princípios orientadores da gestão do conhecimento é que a informação deve estar disponível quando necessário para que possa ser utilizada a qualquer momento. A partir desse contexto, percebe-se que a gestão do conhecimento é um conjunto de processos que governa a criação, a disseminação e a utilização do conhecimento no âmbito das instituições de ensino, onde uma instituição guiada pela gestão do conhecimento é aquela em que os saberes individuais e coletivos são considerados como subsídios nos processos decisórios.
Segundo Azevedo et alli. (2008), a organização do planejamento de um curso para EaD envolve profissionais com diferentes formações, no sentido de atender a todas as necessidades do processo, desde pensar o conteúdo do curso, o perfil do profissional que se quer formar, a pesquisa de mercado que justifica o oferecimento do curso, até a adequação de tecnologias para elaboração de materiais e a disponibilização de conteúdos de maneira adequada. O coordenador de curso em EaD, visto como um gestor, deverá estar apto para articular, promover e operacionalizar cursos de capacitação aos docentes, a partir da identificação das necessidades específicas do curso, sempre apoiado pela assessoria pedagógica de EaD. Deve-se evitar fazer da educação a distância uma simples distribuição e armazenamento de conteúdos na forma digital, para tanto, é fundamental que coordenador esteja atento e acompanhe cotidianamente os processos de produção de conteúdo e as estratégias de aprendizagem no âmbito do curso. Também tem a incumbência de orientar a definição dos objetivos do grupo e revê-los periodicamente, coordenar a divisão das tarefas e viabilizar intervenções a convergência dos esforços de cada membro da equipe com vistas à interação do todo.
Segundo Ribas et alli (2008), do ponto de vista pedagógico e de gestão inúmeras transformações têm ocorrido no CEFET-SC: a instituição vem desenvolvendo maturidade didático-pedagógica, ampliando as áreas de atuação, a oferta de vagas e modificando a natureza dos cursos; descentralizou-se, inovou e renovou-se em termos administrativos, democratizando o sistema administrativo e o relacionamento entre as pessoas; ampliou, readaptou e reformou seu espaço físico interno e externo; incentivou e conquistou o aumento do nível de capacitação de seus recursos humanos; implantou tecnologia da informação na área administrativa e no currículo escolar; desenvolveu a pesquisa e implementou trabalhos de extensão, conhecidos e respeitados em todo o território catarinense. Dessa forma, a instituição desenvolveu e implantou um modelo gerencial considerando as atividades administrativas de uma Unidade de Ensino, estabelecida em uma nova concepção de aprendizagem, uma nova forma de articulação e de vinculação do curso e das atividades de docência.
Planejamento Estratégico como elemento para gestão - É preciso criar mecanismos capazes de propiciar o planejamento, organização, capacidade de direção e de controle a fim de que as instituições venham a atingir seus objetivos. Entretanto, a existência de um programa ou projeto não garante a sua realização. O envolvimento com as atividades diáriasda instituição e a habilidade na aplicação de técnicas de gestão de processos se faz necessário para execução. A partir da utilização de tecnologias de forma articulada é reforçada pelo valor que podem agregar para atender às necessidades de formação e diminuição da sensação de distância, com o intuito de alcançar a eficácia e eficiência pedagógica. Partindo disso, é possível estabelecer as seguintes questões estratégicas (Ribas et alli, 2008): Implantação de pólos de apoio; Implementação a estrutura na instituição; Capacitação dos envolvidos em EaD; Produção de material didático; Definição de mecanismos de gerenciamento das TICs (TIC´s) e; Implantação e gerenciamento do curso.
Planejamento Estratégico como elemento para implantação - O processo de implantação prevê algumas etapas, apresentadas a seguir: Implementação dos Pólos; Implementação da Estrutura na Instituição; Capacitação em EaD; Produção de Material Didático; Gerenciamento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC´s); Implantação e Desenvolvimento.
Foi apresentado, entre os referenciais teóricos, uma explanação a respeito da gestão da EAD e os aspectos relevantes de serem apontados numa perspectiva administrativa. Tendo como referência uma instituição que desenvolva cursos na modalidade EAD, construa um mapa conceitual a fim de explanar os pontos e relações que integram os diferentes aspectos deste processo.