Competências e habilidades para o desenvolvimento de uma prática pedagógica em EAD
Muito tem sido discutido sobre como deve ser articulada uma prática pedagógica desenvolvida na modalidade da educação a distância (EAD), apontando-se para as competências e habilidades necessárias aos professores e tutores para trabalhar na formação do aluno virtual. Percebe-se, primeiramente, a necessidade de esclarecer como estão sendo compreendidas conceitualmente as expressões competência e habilidade neste estudo.
No senso comum a competência é tudo aquilo que se quer, por exemplo, que um cirurgião demonstre no momento de sua cirurgia, assim como um piloto que vai descer com o avião em condições adversas. Traduz-se competência pelos conhecimentos apreendidos que determinado profissional ou sujeito deve ter de física, de geografia, do funcionamento de uma máquina, etc., que o tornam capaz de tomar decisões.
Os dicionários Aurélio e Luft definem a palavra competência como “qualidades de quem é capaz de apreciar e resolver certos assuntos”. A expressão também é tida como sinônimo de habilidade, aptidão, idoneidade. Muitos conceitos estão presentes nessa definição: competente é aquele que julga, avalia e pondera; acha a solução e decide, depois de examinar e discutir determinada situação, de forma conveniente e adequada. É ainda quem tem capacidade resultante de conhecimentos adquiridos. Neste sentido, nota-se uma semelhança entre as palavras competências e habilidades.
Sob o ponto de vista pedagógico, como alerta Perrenoud (1999), não existe uma única concepção clara e partilhada sobre o que se constitui como competência, e, muitas vezes, acaba por se fazer um debate que permanece na discussão superficial sobre o tema. O emprego desta expressão é bastante usual pela psicologia e pedagogia quando se quer fazer referência ao ensino ou aprendizagem.
Na opinião deste autor, a competência permite a mobilização de conhecimentos, valores e decisões por parte do sujeito para o enfrentamento de uma determinada situação. Assim, o conceito de competência pressupõe que o sujeito já tenha conhecimentos que foram aprendidos ou saiba como procurá-los e faça uso de diferentes recursos, que são utilizados de forma criativa e inovadora numa situação de conflito.
O sujeito tanto mais mostra sua competência quando se torna capaz de decidir, usando um certo grau de improvisação que decorre de sua experiência, resolvendo os problemas de forma eficiente e eficaz.
Logo, nesta posição, não se trata de somente colocar em prática as regras aprendidas tal qual estas foram ensinadas, mas a capacidade de se adaptar a uma determinada problemática.
Nesta perspectiva, pode-se compreender que a competência implica na aplicação dos conhecimentos e esquemas aprendidos pela capacidade do sujeito de organizá-la numa nova estrutura que se torna eficaz para se chegar à resolução de um novo desafio. Perrenoud (1999) escreve ainda que “uma competência orquestra um conjunto de esquemas”, ou seja, são envolvidos diversos esquemas de percepção, pensamento, avaliação e ação, operações mentais, capacidades para se efetivar o emprego de atitudes adequadas à realização das tarefas e também para a aquisição de conhecimentos, sejam estes simples ou complexos.
Para Moura e Silva (2005) o que seria uma competência em determinado contexto, em outro pode ser considerado uma habilidade para a autora, a diferença entre uma habilidade e uma competência é, portanto, determinada pelo contexto. Ambas são inseparáveis da ação, mas exigem domínio de conhecimentos. Competências e habilidades constituem-se num conjunto de conhecimentos, atitudes, capacidades e aptidões que habilitam alguém para vários desempenhos da vida. São atributos relacionados não apenas ao saber-conhecer, mas ao saber-fazer, saber-conviver e ao saber-ser.
Já para Moretto (2002), “as habilidades estão associadas ao saber-fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida”. Assim, identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, correlacionar e manipular são, portanto, exemplos de habilidades.
Já as competências são consideradas como um conjunto de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam, por exemplo, uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências.
Portanto, entende-se que para se construir uma competência, é preciso aprender a identificar os conhecimentos mais pertinentes. Desta forma, justifica-se a dificuldade dos professores em compreender claramente o que sejam estas habilidades e competências, uma vez que os termos estão de tal forma correlacionados que se fazem necessárias mais discussões sobre o limite terminal de um e o inicial de outro.
Desenvolver competências significa tornar o indivíduo apto a desenvolver habilidades, que podem ou não (dependendo das aptidões de cada um) ser efetivamente levadas a termo. E as habilidades, quando desenvolvidas em seu mais alto grau, acabam por definir as competências.
Desafio
Dentre um dos temas trabalhados está a definição do que se entende por competências e habilidades.
Com base nos pressupostos apresentados, quais seriam as competências e habilidades dos agentes que promovem a prática em EAD (professor e tutor) e as necessárias do aluno ter e aquelas que irão ser construídas?
Você pode apresentar esta atividade em forma de apresentação de slides, tabela ou documento de texto. A idéia é construir uma documentação a ser integrada nos manuais voltados para professores, tutores e alunos.