Moore
(1993: 24) confere primazia ao diálogo na estruturação do conceito de distância
transacional. A aprendizagem dialogal tem papel central na pedagogia humanista,
que o preconiza sem estruturas e sem fim predeterminado, exigindo parceria,
respeito, calor humano, consideração, compreensão empática, sinceridade e
autenticidade:
“Um diálogo é direcionado, construtivo e é apreciado pelos
participantes. Cada uma das partes presta respeitosa e interessada atenção ao
que o outro tem a dizer. Cada uma das partes contribui com algo para seu
desenvolvimento e se refere às contribuições do outro partido. Podem ocorrer
interações negativas e neutras. O termo diálogo, no entanto, sempre se reporta a
interações positivas. Dá-se importância a uma solução conjunta do problema
discutido, desejando chegar a uma compreensão mais profunda dos
estudantes.”
O diálogo ativa e aprofunda a reflexão sobre os temas em
estudo. Ao confrontar
opiniões divergentes, assumir posicionamentos, externar
dúvidas, questionar e criticar, o estudante envolve-se com o conteúdo.
Diversamente, o método expositivo-entregador (Dolch, 1952, apud
Petters, 2001: 79) propicia, no máximo uma aprendizagem no sentido de apropriar-se, de guardar na memória e de
reproduzir o saber quando desafiado,
não contribuindo para desenvolver a capacidade de um pensar crítico
autônomo, a capacidade de aplicar
esse pensamento crítico, de experimentar a autonomia racional daí decorrente e de
afirmar-se nisso. “É necessário que
toda percepção seja uma tradução reconstrutora realizada pelo cérebro, a partir
de
terminais sensoriais, e que nenhum conhecimento possa dispensar
interpretação” (Morin, 2002: 52). “Não tem sentido o mero repasse copiado”,
sustenta Demo (2001: 130). “Contato pedagógico próprio da universidade é aquele mediado pela
produção/reconstrução de conhecimento”. A
utilização de modernas mídias para a mera exposição dos conteúdos, não ameniza
e, ao contrário, pode agravar as conseqüências deletérias da ausência de
produção científica própria, da falta de ênfase no aprender a aprender e da
inexistência ou insuficiência do diálogo.