DELINEANDO A DISTÂNCIA TRANSACIONAL...

Desde a Grécia antiga educação envolve proximidade física de docentes e discentes. A tendência para estabelecer dicotomias, reforçada pela hegemonia do modelo cartesiano-mecanicista que imperou do século XVIII a meados do século XX, quando ocorreu a universalização do acesso à escola, consagrou a proximidade física como requisito para a aprendizagem e, por outro lado, a distância  como um déficit a ser superado. As primeiras tentativas para estabelecer princípios didáticos específicos para a educação a distância, mesmo nos modelos baseados no ensino por correspondência, privilegiaram a busca de meios e caminhos para “superar, reduzir, amenizar ou até mesmo anular a distância física” (Peters, 2001: 47). Diferenciando distância física de distância comunicativa ou psíquica, Michael Moore (1993: 22) introduz o construto teórico de distância transacional.

Construto teórico:       Distância Transacional

Dimensões

Atributos  extremos

Diálogo

Docentes e discentes não mantém qualquer intercomunicação.

Diálogos freqüentes, podendo expressar-se os pré-conhecimentos, interesses e desejos de cada estudante, influenciando no ritmo e no rumo do curso.

Estrutura

Ensino pré-programado em todos os detalhes e prescrito compulsoriamente.

Ensino customizado, valorizando a experiência e a expectativa de cada estudante e atendendo sua necessidade específica.

Autonomia

Etapas e atividades do ensino determinados por estruturação e diálogo; controle da aprendizagem a cargo de terceiros.

Os próprios estudantes reconhecem suas necessidades de estudo, formulam objetivos, selecionam conteúdos, projetam estratégias de estudo, arranjam materiais e meios didáticos, identificam fontes humanas e materiais adicionais e fazem uso delas; eles próprios organizam, dirigem, controlam e avaliam o processo da aprendizagem, não sendo limitados nem por diálogos e nem por estruturas preestabelecidas. 

Figura 1: Construto teórico da distância transacional.

Moore destaca que o desafio não consiste em suprimir a distância transacional, mas em implementá-la na dosagem adequada, em razão das características pessoais dos participantes, dos temas e objetivos propostos, e dos meios disponíveis. Cada curso requer a implementação de distância transacional específica, a ser obtida pela seleção de técnicas e estratégias que propiciem a combinação adequada das três dimensões que a definem: estrutura, diálogo e autonomia. Peters (2001: 71) realça a importância que o conjunto diálogo, estrutura e autonomia tem para a EAD e afirma que o diálogo didático, o estudo tecnológico pedagogicamente estruturado e o estudo autônomo não preponderam na prática do ensino superior.