REFLETINDO SOBRE A EAD

 

Organizar, implementar e administrar processos de aprendizagem a distância implica na avaliação prévia das alternativas de estratégias a adotar.  Na educação desenvolvida por meio de cursos presenciais aloca-se um espaço físico para funcionar como sala de aula, estipulam-se horários fixos para as atividades de ensino; definem-se datas para início e término do curso; há a proximidade física professor-alunos. Diferentemente, na Educação a Distância mediada por computador não se fazem presentes tais características. Ao invés disso, há necessidade de: adequada preparação de recursos instrucionais multimídia, construção de ambiente virtual, seleção de recursos de interatividade, prospecção remota do perfil e das expectativas dos alunos, definição dos papéis a serem exercidos por professores e tutores; elaboração de plano delineando a interação e os desafios a serem propostos.

 

 

O dinamismo da evolução tecnológica propicia, em ciclos sempre menores, inovações que ampliam e qualificam as ferramentas utilizadas como suporte para a EAD. A disseminação do acesso à Internet permite superar barreiras geográficas e sociais. A aceleração da obsolescência dos saberes  amplia a demanda por atualização profissional continuada, insuficiente ou inadequadamente atendida pelos cursos presenciais de escolas e universidades. Neste contexto, a otimização dos resultados a serem alcançados pela EAD demanda o planejamento estratégico da configuração mais adequada para cada curso.

 

O ensino à distância passa a ser concebido como Educação a Distância e, conforme NUNES (1998), como uma das maneiras de atender, com grande perspectiva de eficiência, eficácia e qualidade, aos anseios de universalização do ensino e, também, como meio apropriado à permanente atualização dos conhecimentos gerados de forma cada vez mais célere pela ciência e cultura humana. Para Maturana (1999) a educação a distância permite ampliar o viver democrático ao tratar a todos os indivíduos, como iguais, qualquer que seja sua origem, pois lhes oferece um espaço reflexivo que permite a “co-inspiração” em um projeto comum. Para ele, a EAD inicialmente “oculta” as diferenças que nos separam segundo juízos culturais a que pertencemos, porém, essas logo se dissipam ao criar um espaço reflexivo comum, no qual a linguagem e o emocionar também são comuns.

Hoje a Educação a Distância viabiliza a democratização do ensino, como meio estratégico de fornecer treinamentos nas empresas, educação formal e de ser um mecanismo facilitador da educação continuada.  Mesmo assim, a EAD ainda é alvo de muitas discussões, por tratar-se de uma modalidade que torna o aluno autônomo e gerenciador do seu próprio estudo. Estas características são as mais discutidas em função da herança de uma educação tradicional que garantia a presença do professor como indispensável "fisicamente", no processo de aprendizagem do aluno. A presença das tecnologias e a mediação do tutor na EAD, ajudam a encurtar as distâncias, possibilitando contatos e amenizando a carência do lado afetivo entre alunos e professores. A tecnologia não substitui o professor, mas possibilita a comunicação e a solução de problemas que possam surgir durante o processo. A exigência de formação continuada passa de direito a um dever da sociedade e do estado, provendo oportunidades tanto para atender as necessidades do sistema econômico, quanto para oferecer ao indivíduo oportunidade de desenvolver competências como trabalhador e cidadão, capaz de viver na sociedade de incertezas do século XXI (Belloni, 2001).

 

Pensar a EAD como potencializadora da aprendizagem poderá ser um caminho possível para pensar novas formas de educação, nas quais a construção do conhecimento seja realizada de forma compartilhada e coletiva, levando a um processo de cooperação e instituindo, assim, novas pautas de convivência. Para transformar a potencialidade da EAD em realidade efetiva, há que se planejar estrategicamente os cursos a distância.