Para Piaget (1972), a aprendizagem é um processo que depende, em grande parte, do desenvolvimento do sujeito e do nível que ele se encontra. Nesse contexto, o desenvolvimento é entendido como um processo espontâneo, ligado ao processo global da embriogênese, que se relaciona com a totalidade das estruturas do conhecimento. Dessa forma, a aprendizagem é provocada por situações e se dá como uma função do desenvolvimento total, sendo oposta, assim, ao que é espontâneo. Essa concepção de aprendizagem difere-se das concepções empirista e apriorista, no sentido em que na primeira é a se deve a experiência adquirida em função do meio físico mediada pelos sentidos. Já a concepção apriorista, entende que o indivíduo, ao nascer, já apresenta as condições do conhecimento e da aprendizagem que se manifestarão progressivamente ou imediatamente através maturação. Piaget (2005) menciona que o afeto é o agente motivador da ação intelectual, além disso, a afetividade dirige as escolhas intelectuais de acordo com os desejos particulares. Uma das principais ideias do autor acerca do termo refere que:

[...] é sempre a afetividade que constitui a mola das ações das quais resulta, a cada nova etapa, esta ascensão progressiva, pois é a afetividade que atribui valor às atividades e lhes regula a energia. Mas, a afetividade não é nada sem a inteligência, que lhe fornece meios e esclarece fins (PIAGET, 1989, p. 69-70).

Portanto não existe, de acordo com o autor, nenhuma conduta intelectual que não esteja permeada pela afetividade e não há estados afetivos sem a ocorrência de compreensão e da constituição de novas estruturas. Portanto, de acordo com Piaget, a afetividade é considerada como a mola propulsora das ações, pois é ela que atribui valores às atividades dos sujeitos e regula a energia que será depositada em cada ação. Todo comportamento é envolvido por uma questão afetiva e cognitiva, ou seja, os dois aspectos caminham juntos. Sendo assim, a aprendizagem é composta por uma estrutura (aspecto cognitivo) e por uma valorização (aspecto afetivo). Assim, como afirma Piaget (1962), sem afeto não haveria o interesse, nem a motivação sendo, portanto, a afetividade como uma condição necessária para a constituição da inteligência.