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Presença social na educação online

A Teoria da Presença Social pode ser usada para descrever e entender como as pessoas interagem socialmente em ambientes virtuais de aprendizagem.

Atualmente a presença social é um conceito central na educação online, entretanto não há consenso entre os pesquisadores e não há ainda uma clara definição conceitual.

As primeiras pesquisas datam de 1976 quando Short, Williams, e Christie desenvolveram a Teoria da Presença Social para explicar o efeito que os meios de comunicação podem ter sobre a comunicação. Para os autores, a presença social refere-se a uma qualidade do meio de comunicação, que pode determinar a forma como as pessoas interagem e se comunicam. Nessa perspectiva, as pessoas percebiam um determinado meio como tendo alto grau de presença social, como o vídeo, e outras mídias tendo baixo grau de presença social, como áudio (Lowenthal, 2011).

A partir de 1995 começam as pesquisas sobre presença social na educação online. O conceito foi se distanciando da visão tecnológica inicial, que relacionava o meio com um maior ou menor grau de presença social.

Atualmente encontramos diferentes conceitos sobre a presença social. Lowenthal (2010) apresenta uma compilação de alguns conceitos:

a) sensação de estar com outro, humano ou artificial (Lombard e Ditton, 1997);

b) o grau com o qual uma pessoa é percebida como ‘real’ numa comunicação mediada (Gunawardena, 1995);

c) a habilidade dos participantes de uma comunidade de se projetar emocionalmente e socialmente, como pessoas ‘reais’ (Garrison et al, 2000);

d) o grau de sentimento, percepção e reação de estar conectado através do computador com uma entidade intelectual (Tu e McIsaac, 2002);

e) a habilidade de um indivíduo em demonstrar seu ‘eu’ em um ambiente virtual, e sinalizar sua disponibilidade para relações interpessoais, com dois aspectos principais: que a ‘outra’ parte está presente no ambiente como evidenciado pelas contribuições visíveis; que o ‘outro’ existe e é identificado como uma pessoa real (Kehrwald, 2008). Assim, podemos perceber que as definições de presença social na educação online tendem a envolver o grau no qual uma pessoa é percebida como sendo “real” e como “estando lá”. E ainda, estas definições tendem a focar na possibilidade de um sujeito ser capaz de se projetar em um ambiente virtual de aprendizagem como sendo “real” e na possibilidade dos outros perceberem este sujeito como “estando lá” e “sendo real”.

Alguns autores, como Biocca e Harms (2002), classificam a presença social em três níveis: nível de percepção, nível subjetivo e nível intersubjetivo. O primeiro nível caracteriza-se pela percepção da presença física do outro no ambiente, onde os sujeitos podem perceber a presença dos outros e serem percebidos também (co-presença). O segundo nível transmite a ideia de que a co-presença vai além da percepção da presença física do outro, envolvendo a compreensão dos estados comportamentais de outro. O terceiro nível envolve a compreensão de que as interações entre o sujeito e os outros são dinâmicas.

Podemos analisar a presença social em ambientes virtuais a partir de diferentes perspectivas. Uma das formas mais evidentes da presença física de um determinado sujeito em um ambiente virtual consiste em um indicador de que ele está online. Entretanto, outras formas evidenciam a presença do outro, como o registro de envio de mensagem, o registro de participação em um texto coletivo ou qualquer outro indicativo que evidencie que determinado sujeito ou um colega está ou esteve no ambiente.

Com base nos estudos sobre presença social, pode-se dizer que as tecnologias de presença social irão promover um novo tipo de interação, que poderá substituir as interações face-a-face.



Referências:

BIOCCA, F., HARMS, C. Defining and measuring social presence: Contribution to Networked Minds Theory and Measure. In: GOUVEIA, F.R., BIOCCA, F. (Eds). Proceedings of the 5th International Workshop on Presence. 2002.

Garrison, D. R., Anderson, T., & Archer, W. (2000). Critical inquiry in a text-based environment: Computer conferencing in higher education. The Internet and Higher Education, 2(2-3), 87-105.

Gunawardena, C.N.. (1995). Social presence theory and implications for interaction collaborative learning in computer conferences. International journal of education telecommunications 1 (2/3): 147-166.

Lombard M., Ditton T., At the heart of it all : The concept of presence. Journal of Computer Mediated Communication, 3(2), 1997, available : http://ascusc.org/jcmc/vol3/issue2/lombard.html

LOWENTHAL, Patrick R. The evolution and influence of social presence theory on online learning. In: KIDD, T. T. Online education and adult learning: new frontiers for teaching practices. Hershey, PA: IGI Global, 2010.

Tu, C.H., McIssac, M.. (2002). The relationship of social presence and interaction in online classes. The American journal of distance education 16(3). 131-150.